A
Influência do Treinamento Aeróbio no Treinamento Força
Para se obter o máximo desempenho em algumas
atividades físicas específicas são necessários a adoção de estratégias que
possibilitem a otimização do treinamento. A estruturação de programas de
treinamento que combinem a força e a resistência aeróbia parece colaborar para
um maior rendimento atlético.
A magnitude da melhora irá depender do tipo e
da ordem dos exercícios, da intensidade, da duração, da freqüência, dentre
outras variáveis inerentes à um programa de treinamento. No entanto, em uma
rotina de exercícios às vezes serão necessárias a combinação de duas funções
antagônicas porém integradas para a especificidade exigida pela modalidade.
A literatura internacional tem adotado com
freqüência a terminologia treinamento concorrente para se referir aos programas
que combinam treinamento de força e de resistência aeróbia em uma mesma sessão
de exercício, assim como as possíveis adaptações antagônicas produzidas pelo
treinamento dessas duas capacidades motoras (HAKKINEN ET AL., 2003).
O que deve ser considerado é o objetivo do
praticante. Se o mesmo for de rendimento para força é uma vertente a considerar
no planejamento. Assim como se o praticante for para predominância aeróbia é
uma outra vertente a planejar. Pois parece existir uma interferência negativa
quando pensamos em desempenho quando se combina esta capacidades em um ponto
comum de treinamento.
A
especificidade metabólica,fisiológica,estrutural,enzimática,mecânica e outras
são pontos relevantes na construção das sessões de treinamento.
O presente artigo de revisão tem por
objetivo rever as implicações práticas do treinamento concorrente para
possíveis ajustes na atenuação do efeito dessa interferência.
Palavras chaves:
treinamento;força;resistência aeróbia
The Influence of Aerobic Training on Strength
Training
To obtain
maximum performance in some specific physical activities are needed to adopt
strategies that enable the optimization of training. The structuring of
training programs that combine strength and aerobic endurance seems to work for
greater athletic performance.
The magnitude
of the improvement will depend on the type and order of exercises, intensity,
duration, frequency, and other variables inherent in a training program.
However, in an exercise routine sometimes be necessary to combine two functions
antagonistic however integrated with the specificity required by mode.
The
international literature has adopted the terminology often concurrent training
to refer to programs that combine strength training and aerobic endurance in
one exercise session as well as the possible antagonistic adaptations produced
by these two motor skills training (Hakkinen ET AL. , 2003).
What should be
considered is the goal of the practitioner. If it is to yield to force is an
aspect to consider in planning. As if the practitioner is to aerobic
predominance is another aspect to plan. For it seems to be a negative
interference when we think of performance when combining this capability in a
common training.
The
specific metabolic, physiological, structural, enzymatic, mechanical and other
points are relevant in the construction of the training sessions.
This
review article aims to review the practical implications of concurrent training
for possible adjustments in mitigating the effect of this interference.
Keywords: training,
strength, aerobic endurance
TREINAMENTO
CONCORRENTE (TC)
Leveritt et.al ( 1999)
relatou em uma revisão possíveis
mecanismos relacionados a esta concorrência de do treinamento de força (TF), e do treinamento aeróbio (TA):
A) Mecanismo crônico, na qual propõe a idéia que
algumas adaptações morfofuncionais sofridas pelo treinamento de resistência
aeróbia são distintas quando comparadas ao treinamento de força.
Adaptações morfofuncionais da Força X Aeróbio:
Força :
+ massa magra
+ coordenação inter e intramuscular
+ aumento da secção transversal na fibras musculares
I,IIa e IIx
Aeróbio :
+ Volume máximo de oxigênio
+ Atividades de enzimas oxidativas
+ Estoques de glicogênio intramuscular
+ Densidade e Capacidade mitocondrial dos músculos
+ Melhora a capacidade de difusão pulmonar
+ Débito cardíaco
+ Densidade capilar
+ Controle de saturação de hemoglobina
(Hakkinen et AL.,2003)
B) Overtrainig,
o organismo não assimiliaria um grande volume de treinamento para as duas
capacidades motoras. E consequentemente adaptações negativas seriam
acometidas.
Alguns autores acreditam que o comprometimento
no desenvolvimento da força durante o treinamento concorrente tenha como origem
a fadiga muscular induzida pela depleção de substratos energéticos exigidos
pela atividade aeróbia intensa. O efeito subagudo do exercício aeróbio
prejudicaria o grau de tensão desenvolvido durante a sessão de treinamento de
força (KRAEMER ET AL., 2005).
Dudley
e Fleck ( 1987) argumentam que este tipo de concorrência poderia diminuir o
estoque de glicogênio ápos treino aeróbio e alterar propriedades mecânicas do
músculo,prejudicando o treino de força. Este tipo de concorrência poderia não
permitir tempo suficiente na recuperação metabólica,estrutural e enzimática e
outras para outra sessão de treino seja de força ou aeróbio.
Entretanto
Gomes e Aoki (2005) após suplementar o grupo experimental com creatina
verificou que não houve perda significativa do desempenho na atividade aeróbia
subseqüente reforçando a teoria da fadiga como predisponente da diminuição da
geração de força voluntária máxima.
Leveritt e Abernethy (1999) verificaram a
influência na produção de força de membros inferiores no exercício agachamento
após uma atividade intermitente realizada no cicloergômetro em intervalos de
cinco minutos. O teste de força consistia de três séries de repetições até a
fadiga, com uma carga equivalente a 80% de 1RM. Houve diminuição significante
no número de repetições máximas quando comparado com a sessão controle sem a
atividade aeróbia. O número de repetições, por série, na condição controle e na
condição experimental foi respectivamente: 13,83 ± 5,71 e 8,83 ± 2,99; 11,17 ±
4,45 e 8,17 ± 3,6; 10,17 ± 5,04 e 8,83 ± 3,54. Os autores concluíram que a
queda aguda na produção de força após o exercício aeróbio pode comprometer o
desenvolvimento de força.
Craig
et al. (1991) também relataram que o desenvolvimento de força dos membros
inferiores foi comprometido quando os indivíduos realizavam sessões de corrida
antes das sessões de treino de força, no entanto isso não ocorreu nos membros
superiores.
Sporer
e Wenger (2003) demonstraram que houve uma recuperação completa após 24 horas
de descanso da atividade aeróbia para o teste de repetições máximas e 8 horas
para sessão de treinamento de força com carga de 75% de 1RM.
Verifica-se que são numerosos os trabalhos
que atribuem diminuição da força muscular quando o mesmo é realizado após uma
sessão de exercício aeróbio. Porem, alguns trabalhos reforçam que esse tipo de
atividade pode ter um potencial benéfico independente.
Delagardelle et al. (2002), atribuem maior
benefício alcançado por grupo de cardiopatas que treinou em sessão dupla
(força+aeróbio) do que aqueles que treinaram sessão única (aeróbio), como
aumento da força dinâmica e do VO2 máximo.
Wood et al. (2001) em paciente idosos
verificou que aqueles que treinam em sessão combinada melhoraram mais a
densidade óssea mineral e diminuíram a gordura corporal substancialmente em
relação aqueles que realizavam sessão única de exercício aeróbio.
Castinheiras Neto (2007) apesar de não
medir os níveis de força muscular através de testes convencionais, verificou
que o treinamento combinado cronicamente pode promover aumento da tolerância ao
esforço, medido por teste ergométrico, da força muscular sub-máxima, utilizando
percepção subjetiva de esforço, da fração de ejeção do ventrículo esquerdo,
utilizando ecocardiograma, além de diminuição da terapia anti-hipertensiva,
dentre outros benefícios advindos do exercício físico combinado.
Além
do aumento do desempenho, o treinamento combinado pode interferir no gasto
energético diário, aumentando-o dependendo da ordem de execução (DRUMMOND ET AL.,
2005).
Castinheiras Neto (2007) verificou que o
treinamento combinado iniciado pelo exercício contra-resistência seguindo para
exercício aeróbio em coronariopata pode influenciar a queda pressórica em
14,5mmHg para a PAS e 5mmHg para a PAD após 12 meses de exercício
supervisionado.
Verifica-se desta forma que o treinamento
combinado pode ter inúmeras facetas e irá depender do objetivo proposto, pois a
adoção de uma dada estratégia pode refletir-se em maior ou menor desempenho,
independente do nível de aptidão física.
Drummond et al (2005) relataram que os
sujeitos que realizaram treinamento de força precedendo exercício aeróbio
encontraram mais dificuldade para concluir a sessão do que quando iniciavam a
rotina de treinamento com exercício aeróbio.
Sporer e Wenger (2003) também verificaram
uma redução no número máximo de repetições a 75% de 1RM até oito horas depois
de dois tipos de atividade aeróbia (intervalado com alta intensidade e contínuo
com intensidade moderada). Os autores também demonstraram que houve uma
recuperação completa após 24 horas de descanso da atividade aeróbia para o
teste de repetições máximas.
Portanto, a prescrição do treinamento
combinado deve levar em consideração vários fatores como idade, disponibilidade
de tempo, estado de saúde,e principalmente a especificadade do praticante.
Em todas as HIPÓTESES alguns pontos em comuns a considerar:
·
O volume alto de sessões de TRA e TF poderá causar tempo insuficiente
de recuperação metabólica, estrutural, enzimática e energética ( HETEROCRONISMO INADEQUADO).
·
O TF causa uma PERDA DA DENSIDADE CAPILAR E MITOCONDRIAL.
·
O TF potencializa a produção da TESTOSTERONA (FORÇA E AUMENTO DE MASSA
MUSCULAR E OUTROS).
O treinamento de resistência aeróbia antecedendo o treinamento de força:
·
Diminuição do glicogênio
·
Alterações das propriedades mecânicas do músculo
·
Perda de força
·
Aumento da fadiga após treino para treino de Força
Na interferência entre Força e Aeróbio
·
Diferenças na ativação do SN
·
Fator Neural
·
Fator Metabólico
·
Fator Hormonal (Testosterona X Cortisol)
·
O TC potencializaria a transição de fibras rápidas para as lentas
(oxidativas)
·
O TC poderá causar perda de Força de Rápida/Explosiva
·
Atenuação na síntese protéica (aumento de massa muscular)
·
O TC atenua a Força
·
O TC acentua o CORTISOL ( catabólico)
·
O TC estimula Enzimas Oxidativas ( Citrato Quinase e Mioquinase/AMPK).
·
Acentua o estimulo da mTOR (
Enzimas para otimizar a Força).
Fatores positivos para a
inter-relação entre Força e Aeróbio
Fatores
a considerar no Treino Aeróbio:
1. Melhora
na Resistência de força
2. Tempo
de exaustão numa atividade aeróbia
3. velocidade
de corrida de longa distância quando comparados ao treino exclusivo de força ou
RA.
· Fatores
a considerar no Treino de Força ( máxima,potência e resistência de força com
objetivo de hipertrofia):
1. Treinar
Força e RA em dias alternados.
2. Caso
não consiga treinar em dias distintos. Treinar a sessão de Força primeiro e
treinar MMSS nos dia da sessão aeróbia.
3. Para
as mulheres intervalos de recuperação entre uma sessão maiores. As mesmas podem
ser hipercortisólicas (Bell et .al.,1997;Bell et al.,2000)
Considerar nível de treinamento, gênero, e períodos
de recuperação suficientes na montagem dos protocolos de treinamentos.
Quando objetivamos alta perfomance para um atleta,ou
mesmo para um praticante de esporte. A palavra chave é PERIODIZAÇÃO.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicabilidade do treinamento concorrente
deve ser planejada por profissional de Educação Física habilitado que seja
capaz de prescrever com base científica a melhor estratégia para que se possa
alcançar o máximo desempenho, respeitando as limitações do cliente.
A literatura nacional
carece deste conteúdo sobre treinamento concorrente. O empirismo sobre a este
temática ainda é muito relevante. O tema ainda carece de novas pesquisas e
publicações para melhor efeito da sua aplicabilidade nos esportes de alto
rendimento e esportistas de forma geral.
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Revisão
científica:
Leonardo
E.M Lima ( Cref.023984 G/SP)
Graduado
em E.F,pós graduado em Treinamento Desportivo – UGF, pós graduado em Fisiologia
do Exercício –UGF, pós graduando em biomecânica – FMU e Mestrando em E.F
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