Carboidrato é muito importante para a saúde
Por Leonardo Lima
Um dos grandes erros da população seja desportiva ou não, é o mito do carboidrato engorda. A questão sobre este nutriente não é se ele engorda ou não. Mas sim do papel fundamental que ele carrega para manter as funções fisiológicas equilibradas.
O carboidrato na sua forma mais simples é chamado de glicose. A glicose por sua vez funciona como o ponto principal para mantermos a nossa energia fisiológica dentro dos parametros de normalidade funcionais em nosso metabolismo. Todas as nossas funções em que envolvem o nosso Sistema Nervoso ( Principalmente impulsos nervosos e maquinária encefálica) e distribuição de oxigênio pelas hemácias dependem exclusivamente a glicose como fonte de energia.
Quando nos deparamos com jejum prolongado durante o dia(hábito muito comum para os amantes do emagrecimento custe o que custar), o nosso organismo irá tentar de todas as maneiras buscar fontes alternativas de glicose. É neste ponto uma via que não deveria ser utilizada para este fim é utilizada, a proteína. A protéina que compõem a nossa estrutura muscular é agora utilizada para tentar de todas as maneiras manter a glicemia funcional metabólica em homeostásia.
À partir disto não só a nossa massa muscular se compromete, mas também todo o nosso Sistema Nervoso e metabolismo em geral. Há de se lembrar que a produção de amônia se eleva consideravelmente em nosso organismo (substância tóxica), causando irritabilidade,perda cognitiva, perda de capacidade de neurotransmissores e comportamentos sociais alterados.
Por tanto não seja radical em nada. Faça tudo com equilíbrio ! E os resultados serão alcançados com segurança e eficiência.
Muitos estudos atuais mostram que a eficiência do sistema cardirespiratório pode ser avaliada medindo-se a potência aeróbia. Essa potência se refere à capacidade funcional do sistema de absorção, transporte, entrega e utilização de oxigênio aos tecidos durante exercícios físicos. Todo esse processo pode ser resumido em um único nome, volume máximo ou consumo máximo de oxigênio (VO2max).
Esse VO2max é o que caracteriza fundamentalmente o conjunto de funções do sistema cardiorrespiratório, e já foi uma medida muito utilizada na prescrição de exercícios aeróbios, mas hoje em dia sua utilização se limita apenas a classificar indivíduos quanto a padrões de saúde.
Para THODEN (1991), o VO2max se caracteriza por ser a quantidade máxima que um organismo estimulado tem de captar oxigênio do ar atmosférico, transportá-lo pelo sistema cardiovascular e utilizá-lo a nível celular em uma unidade de tempo.
Podemos resumir a importância de medir o VO2max da seguinte maneira:
- É aceito internacionalmente como o melhor parâmetro fisiológico para avaliar, em conjunto a capacidade funcional do sistema cardirespiratório;
- É um parâmetro fisiológico e metabólico para avaliar a capacidade metabólica oxidativa (aeróbia) durante trabalhos musculares acima do metabolismo basal;
- É um parâmetro ergométrico utilizado para avaliação da capacidade de trabalho do homem, em diferentes atividades ocupacionais (Medicina do Trabalho);
- É um parâmetro fisiológico para prescrever atividades físicas sob forma de condicionamento físico normal (sedentários, obesos e idosos) ou sob forma de treinamento físico (preparação física de atletas) ou ainda sob forma de atividades ocupacionais no ambiente de trabalho;
- É usado em estudos epidemiológicos para comparação de capacidade física entre povos e atletas.
O VO2max pode ser e expresso em valores absolutos em litros por minuto (l.min-1), sendo nesse caso mensurado de uma forma bruta ou relativo em mililitros por kilograma por minuto (ml.kg.-1min.-1) que para ser encontrada basta dividir a medida absoluta pela massa corporal do indivíduo avaliado.
A Tabela abaixo mostra a classificação do VO2max de forma relativa em ml.kg.-1min.-1 da American Heart Association, para homens e mulheres em diferentes idades.
Para mensurar o VO2max é necessário à aplicação de testes ergométricos que podem ser máximos e submáximos, diretos e indiretos utilizando diferentes ergômetros como a bicicleta ergométrica (mecânica ou eletromagnética), a esteira rolante, o banco de madeira, o remo-ergômetro (específico para remadores), a piscina ergométrica (específica para nadadores) entre outros que podem ser adaptados para se aproximar o máximo possível de algumas modalidades esportivas.
Para o teste direto é necessário o emprego da ergoespirometria, um procedimento que analisa de uma forma direta e precisa diversas variáveis como consumo de oxigênio (VO2), a produção de gás carbônico (VCO2) e a ventilação (VE) associada ao controle de carga, geralmente esses testes são realizados com protocolos de cargas progressivas que levam o avaliado até a exaustão. Esse tipo de analise é um procedimento mais utilizado em laboratórios devido ao custo bem elevado, e por se tratar de um teste máximo automaticamente exige a presença de um médico em sua aplicação.
Os testes indiretos em sua maioria são baseados na relação linear entre consumo de oxigênio (VO2) e freqüência cardíaca (FC), e para estimar o VO2max utiliza-se à resposta da FC relativa à sobrecarga de trabalho que o indivíduo avaliado foi submetido. Esses testes exigem menos recursos financeiros, geralmente são submáximos, os protocolos são de fácil aplicação e por isso são muito utilizados em academias, clubes e outras instituições que prestam serviços de atividade física.
Referências Bibliográficas:
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