sexta-feira, 15 de março de 2013

A Influência do Treinamento Aeróbio no Treinamento Força - Revisão







 
A Influência do Treinamento Aeróbio no Treinamento Força


 Para se obter o máximo desempenho em algumas atividades físicas específicas são necessários a adoção de estratégias que possibilitem a otimização do treinamento. A estruturação de programas de treinamento que combinem a força e a resistência aeróbia parece colaborar para um maior rendimento atlético.
A magnitude da melhora irá depender do tipo e da ordem dos exercícios, da intensidade, da duração, da freqüência, dentre outras variáveis inerentes à um programa de treinamento. No entanto, em uma rotina de exercícios às vezes serão necessárias a combinação de duas funções antagônicas porém integradas para a especificidade exigida pela modalidade.
A literatura internacional tem adotado com freqüência a terminologia treinamento concorrente para se referir aos programas que combinam treinamento de força e de resistência aeróbia em uma mesma sessão de exercício, assim como as possíveis adaptações antagônicas produzidas pelo treinamento dessas duas capacidades motoras (HAKKINEN ET AL., 2003).
O que deve ser considerado é o objetivo do praticante. Se o mesmo for de rendimento para força é uma vertente a considerar no planejamento. Assim como se o praticante for para predominância aeróbia é uma outra vertente a planejar. Pois parece existir uma interferência negativa quando pensamos em desempenho quando se combina esta capacidades em um ponto comum de treinamento.
A especificidade metabólica,fisiológica,estrutural,enzimática,mecânica e outras são pontos relevantes na construção das sessões de treinamento.
O presente artigo de revisão tem por objetivo rever as implicações práticas do treinamento concorrente para possíveis ajustes na atenuação do efeito dessa interferência. 
 Palavras chaves: treinamento;força;resistência aeróbia

The Influence of Aerobic Training on Strength Training




    To obtain maximum performance in some specific physical activities are needed to adopt strategies that enable the optimization of training. The structuring of training programs that combine strength and aerobic endurance seems to work for greater athletic performance.
   The magnitude of the improvement will depend on the type and order of exercises, intensity, duration, frequency, and other variables inherent in a training program. However, in an exercise routine sometimes be necessary to combine two functions antagonistic however integrated with the specificity required by mode.
     The international literature has adopted the terminology often concurrent training to refer to programs that combine strength training and aerobic endurance in one exercise session as well as the possible antagonistic adaptations produced by these two motor skills training (Hakkinen ET AL. , 2003).
   What should be considered is the goal of the practitioner. If it is to yield to force is an aspect to consider in planning. As if the practitioner is to aerobic predominance is another aspect to plan. For it seems to be a negative interference when we think of performance when combining this capability in a common training.
    The specific metabolic, physiological, structural, enzymatic, mechanical and other points are relevant in the construction of the training sessions.
    This review article aims to review the practical implications of concurrent training for possible adjustments in mitigating the effect of this interference.

 


Keywords: training, strength, aerobic endurance



TREINAMENTO CONCORRENTE




Leveritt et.al ( 1999) relatou em uma revisão  possíveis mecanismos relacionados a esta concorrência de força e aeróbio:

    1)    Mecanismo crônico, na qual propõe a idéia que algumas adaptações
morfo-funcionais sofridas pelo treinamento exclusivada da resistência aeróbia são distintas quando comparadas ao treinamento de força.

Adaptações morfo-funcionais da Força X Aeróbio

Força :
+ massa magra
+ coordenação inter e intramuscular
+ aumento da secção transversal na fibras musculares I,IIa e IIx

Aeróbio :
+ Volume máximo de oxigênio
+ Atividades de enzimas oxidativas
+ Estoques de glicogênio intramuscular
+ Densidade e Capacidade mitocondrial dos músculos
+ Melhora a capacidade de difusão pulmonar
+ Débito cardíaco
+ Densidade capilar
+ Controle de saturação de hemoglobina
                                                                                                     (Hakkinen et AL.,2003)


     2)  Overtrainig, o organismo não assimiliaria um grande volume de treinamento para as duas capacidades motoras. E consequentemente adaptações negativas seriam acometidas.  

Alguns autores acreditam que o comprometimento no desenvolvimento da força durante o treinamento concorrente tenha como origem a fadiga muscular induzida pela depleção de substratos energéticos exigidos pela atividade aeróbia intensa. O efeito subagudo do exercício aeróbio prejudicaria o grau de tensão desenvolvido durante a sessão de treinamento de força (KRAEMER ET AL., 2005).
Dudley e Fleck ( 1987) argumentam que este tipo de concorrência poderia diminuir o estoque de glicogênio ápos treino aeróbio e alterar propriedades mecânicas do músculo,prejudicando o treino de força. Este tipo de concorrência poderia não permitir tempo suficiente na recuperação metabólica,estrutural e enzimática e outras para outra sessão de treino seja de força ou aeróbio.
Entretanto Gomes e Aoki (2005) após suplementar o grupo experimental com creatina verificou que não houve perda significativa do desempenho na atividade aeróbia subseqüente reforçando a teoria da fadiga como predisponente da diminuição da geração de força voluntária máxima.
Leveritt e Abernethy (1999) verificaram a influência na produção de força de membros inferiores no exercício agachamento após uma atividade intermitente realizada no cicloergômetro em intervalos de cinco minutos. O teste de força consistia de três séries de repetições até a fadiga, com uma carga equivalente a 80% de 1RM. Houve diminuição significante no número de repetições máximas quando comparado com a sessão controle sem a atividade aeróbia. O número de repetições, por série, na condição controle e na condição experimental foi respectivamente: 13,83 ± 5,71 e 8,83 ± 2,99; 11,17 ± 4,45 e 8,17 ± 3,6; 10,17 ± 5,04 e 8,83 ± 3,54. Os autores concluíram que a queda aguda na produção de força após o exercício aeróbio pode comprometer o desenvolvimento de força.
Craig et al. (1991) também relataram que o desenvolvimento de força dos membros inferiores foi comprometido quando os indivíduos realizavam sessões de corrida antes das sessões de treino de força, no entanto isso não ocorreu nos membros superiores.
Sporer e Wenger (2003) demonstraram que houve uma recuperação completa após 24 horas de descanso da atividade aeróbia para o teste de repetições máximas e 8 horas para sessão de treinamento de força com carga de 75% de 1RM.
Verifica-se que são numerosos os trabalhos que atribuem diminuição da força muscular quando o mesmo é realizado após uma sessão de exercício aeróbio. Porem, alguns trabalhos reforçam que esse tipo de atividade pode ter um potencial benéfico independente.
Delagardelle et al. (2002), atribuem maior benefício alcançado por grupo de cardiopatas que treinou em sessão dupla (força+aeróbio) do que aqueles que treinaram sessão única (aeróbio), como aumento da força dinâmica e do VO2 máximo.
Wood et al. (2001) em paciente idosos verificou que aqueles que treinam em sessão combinada melhoraram mais a densidade óssea mineral e diminuíram a gordura corporal substancialmente em relação aqueles que realizavam sessão única de exercício aeróbio.
Castinheiras Neto (2007) apesar de não medir os níveis de força muscular através de testes convencionais, verificou que o treinamento combinado cronicamente pode promover aumento da tolerância ao esforço, medido por teste ergométrico, da força muscular sub-máxima, utilizando percepção subjetiva de esforço, da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, utilizando ecocardiograma, além de diminuição da terapia anti-hipertensiva, dentre outros benefícios advindos do exercício físico combinado.
Além do aumento do desempenho, o treinamento combinado pode interferir no gasto energético diário, aumentando-o dependendo da ordem de execução (DRUMMOND ET AL., 2005).
Castinheiras Neto (2007) verificou que o treinamento combinado iniciado pelo exercício contra-resistência seguindo para exercício aeróbio em coronariopata pode influenciar a queda pressórica em 14,5mmHg para a PAS e 5mmHg para a PAD após 12 meses de exercício supervisionado.
Verifica-se desta forma que o treinamento combinado pode ter inúmeras facetas e irá depender do objetivo proposto, pois a adoção de uma dada estratégia pode refletir-se em maior ou menor desempenho, independente do nível de aptidão física.
Drummond et al (2005) relataram que os sujeitos que realizaram treinamento de força precedendo exercício aeróbio encontraram mais dificuldade para concluir a sessão do que quando iniciavam a rotina de treinamento com exercício aeróbio.
Sporer e Wenger (2003) também verificaram uma redução no número máximo de repetições a 75% de 1RM até oito horas depois de dois tipos de atividade aeróbia (intervalado com alta intensidade e contínuo com intensidade moderada). Os autores também demonstraram que houve uma recuperação completa após 24 horas de descanso da atividade aeróbia para o teste de repetições máximas.

Portanto, a prescrição do treinamento combinado deve levar em consideração vários fatores como idade, disponibilidade de tempo, estado de saúde,e principalmente a especificadade do praticante.

Emtodas as HIPÓTESES  alguns pontos em comuns se destacam: 

·        O volume alto de sessões de TRA e TF poderá causar tempo insuficiente de recuperação metabólica, estrutural, enzimática e energética.
( HETEROCRONISMO INADEQUADO)
·        O TF causa uma PERDA DA DENSIDADE CAPILAR E MITOCONDRIAL.
·        O TF potencializa a produção da TESTOSTERONA (FORÇA E AUMENTO DE MASSA MUSCULAR  E OUTROS).

 O Treinamento de Resistência Aeróbia:
·        Diminuição do glicogênio
·        Alterações das propriedades mecânicas do músculo
·        Perda de força
·        Aumento da fadiga após treino para treino de Força

 O Treinamento Concorrente: Na interferência entre Força e Aeróbio

·        Diferenças na ativação do SN

·        Fator Neural

·        Fator Metabólico

·        Fator Hormonal (Testosterona X Cortisol) 

·        O TC potencializaria a transição de fibras rápidas para as lentas (oxidativas)

·        O TC poderá causar perda de Força de Rápida/Explosiva

·        Atenuação na síntese protéica (aumento de massa muscular)

·        O TC atenua a Força

·        O TC acentua o CORTISOL ( catabólico)  

·        O TC estimula Enzimas Oxidativas ( Citrato Quinase e Mioquinase/AMPK).

·        Acentua o estimulo da  mTOR ( Enzimas para otimizar a Força).       



 Fatores positivos para a inter-relação entre Força e Aeróbio

·      Fatores a considerar no Treino Aeróbio:

1.      Melhora na Resistência de força
2.      Tempo de exaustão numa atividade aeróbia
3.      velocidade de corrida de longa distância quando comparados ao treino exclusivo de força ou RA.

·        Fatores a considerar no Treino de Força ( máxima,potência e resistência de força com objetivo de hipertrofia).

1.    Treinar Força e RA em dias alternados.
2.    Caso não consiga treinar em dias distintos. Treinar a sessão de Força primeiro e treinar MMSS nos dia da sessão aeróbia.
3.    Para as mulheres intervalos de recuperação entre uma sessão maiores. As mesmas podem ser hipercortisólicas (Bell et .al.,1997;Bell et al.,2000) 

Considerar nível de treinamento, gênero, e períodos de recuperação suficientes na montagem dos protocolos de treinamentos.
Quando objetivamos alta perfomance para um atleta,ou mesmo para um praticante de esporte. A palavra chave é PERIODIZAÇÃO ( PLANEJAMENTO).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicabilidade do treinamento concorrente deve ser planejada por profissional de Educação Física habilitado que seja capaz de prescrever com base científica a melhor estratégia para que se possa alcançar o máximo desempenho, respeitando as limitações do cliente.
A literatura nacional carece deste conteúdo sobre treinamento concorrente. O empirismo sobre a este temática ainda é muito relevante. O tema ainda carece de novas pesquisas e publicações para melhor efeito da sua aplicabilidade nos esportes de alto rendimento e amadores. 

 REFERÊNCIAS

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Revisão científica:
Leonardo E.M Lima ( Cref.023984 G/SP)
Graduado em E.F, pós graduado em Treinamento Desportivo – UGF, pós graduado em Fisiologia do Exercício –Unifesp, pós graduado em biomecânica – FMU. Mestrando em Fisiologia Humana. 




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