Durante cada aterrissagem do pé
no solo o corredor fica exposto a forças de impacto repetidas estimadas em duas
a três vezes o seu próprio peso corporal. Aplicando este fato a um corredor de
70 kg de peso, que realiza durante a corrida uma média de 250 aterrissagens por
pé por kilômetro percorrido, durante um kilômetro cada pé irá suportar 38 a 57
toneladas de força.
Corredores com média de 60 a 120
km/sem podem expor seu corpo à aproximadamente 16.000 a 32.000 impactos por
perna por semana, o equivalente a 2.400 a 7.200 toneladas de força.
Incrível! Como podemos fazer
isto? Que máquina perfeita é esta que não só suporta tamanha carga, mas ao
mesmo tempo executa o movimento com suavidade? Esta é uma máquina capaz de
aprender o movimento, aperfeiçoar seu funcionamento e melhorar seu rendimento.
Este volume de estresse é
impressionante para os membros inferiores, o que nos desperta dúvidas sobre a
resistência desta “máquina” e a durabilidade de suas “peças”. Nossa “máquina
corporal” tem peças vivas com capacidades variáveis de reparação e de
regeneração.
A biomecânica da corrida é
complexa e compõe de muitas variáveis mecânicas capazes de explicar como o
corpo consegue administrar tamanho estresse. A posição do pé na aterrissagem da
corrida, o comprimento e freqüência das passadas, os ângulo de flexão do joelho
durante a fase de apoio (contato do pé no solo) e a posição das articulações do
pé e tornozelo são alguns dos exemplos destas variáveis.
Cada uma destas variáveis tem seu
valor nas forças que agem sobre o corpo durante a corrida. Qualquer mudança na
aplicação destas variáveis mecânicas resultará na modificação das forças de
reação do solo sobre o organismo, acarretando mudanças na corrida.
Devemos lembrar que alguns
movimentos são próprios do ser humano, mas devem ser aprendidos e aperfeiçoados
para um melhor rendimento, evitando complicações a médio e longo prazo.
A técnica interfere na forma do
movimento e o modifica para cada objetivo traçado. Um corredor de longa
distância não suportaria correr uma maratona apoiando apenas nos dedos dos pés
e teria conseqüências desastrosas para seus tendões e articulações. Da mesma
forma, um corredor de velocidade jamais atingiria sua velocidade máxima
realizando uma corrida com apoios dos pés semelhantes a um maratonista.
Um dos maiores erros do corredor
é o estresse mecânico devido ao alto volume nas distâncias percorridas durante
a semana e meses. Este estresse mecânico ocasiona uma sobrecarga elevada
(gestos repetitivos) nas estruturas mais delicados do nosso sistema locomotor
passivo, principalmente nas cartilagens,ligamentos,tendões e ossos. Podendo ocasionar lesões agudas e crônicas na
carreira do esportista.
Uma das regiões mais acometidas
são os pés. Estes tem a função:
- Receber o peso do corpo
- Promover equilibrio
- Promover movimento
- Ajustes de acordo com o piso
- Interação com S.N.C
Compõe de 28 ossos, 34
articulações e 107 ligamentos que em conjunto participam na distribuição das
ondas de choque ocasionadas no impacto em contato com o solo.
Esta maquinária é dividida
geometricamente em Retropé ( parte posterior), Mediopé (parte média do pé) e
Antepé ( parte anterior).Além dos arcos plantares ( arco longitudinal,lateral e
transverso) que colaboram na distruição do peso corporal na adequação da planta
do pé.
Correr com segurança é saber
dosar as cargas de treinamento de acordo com a individualidade de cada um.
Assim o que poderia ser um esporte prazeroso e competitivo. Passa a ser um
grande vilão na estória...
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